23.2.07

[...ad + eccu + illac...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF256664-01-01-02.mp3
{... daqui, ou talvez mesmo... só mais acolá, o céu é mais perto! neste lugar, o tempo dá lugar a outros tempos. daqui, há tempo para se observar o tecto do Mundo. eis as primeiras vistas da saída da nave onde as tintas repousam no algodão já rabiscado. acolá, o céu é mais perto de tudo o que há para além de nós. nunca sei ao certo quando olho para aquela casa branca, a que distancia se encontra ela, deste céu tamanho que envolve a cidade das tintas. este é o horizonte dos meus dias nesta cidade. se todos os lugares têm céu, como será ele no meu próximo lugar? se os lugares se mudam e nos mudam pelas suas diferenças, só o céu não se altera temporariamente no seu recatado infinito. a ele, se agrupa sempre um + ou um - , consoante a distancia pontual do erro a que dele nos encontramos: dele, do céu... é claro! porque tudo o que é de mais ou de menos é sempre igual a um determinado valor que correspondente invariavelmente ao coeficiente do vazio. se um dia, der de caras com o vazio dos dias... que haja muito céu nesse lugar! é mais ou menos isso que os habitantes das tintas fazem: olha-se o céu, e pintam-se tantas quantas estrelas sejam possíveis desenhar. é exactamente por isso que aqui o céu está mais perto de nós do que em outro lugar. em traços abstractos... nesta cidade, tudo é infinitivamente desenhado para que o céu, esteja sempre mais perto do lugar onde habita efectivamente o nosso Eu!}

16.2.07

[...Silêncio, desejado Silêncio!...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF169161-01-01-10.mp3
{...mesmo quando as cores se ausentam há janelas que se abrem pintadas de si! mesmo quando as cores se ausentam de nós, ou do lugar onde habita o Mim... outras janelas se abrem na memórias dos nossos dias. ter a memória das coisas é agrupar tudo aquilo que nos rodeia. o silêncio não é mais do que um amplificador das coisas simples e que por vezes, tão esquecidos ou cegos delas estamos. vim a Lisboa buscar mais uma tela. vim a Lisboa e procurei detectar um pouco de silêncio nesta cidade que tanto me fascina. é difícil encontrar no barulho urbano alguma calmaria... e foi exactamente por isso que fui ver o filme "O Grande Silêncio"! ali, naquele grande ecrã, onde é retratado um convento dos monges da espiritualidade, todas as coisas simples são captadas pela câmara de um artista que cansado também ele, da ausência dos patrocínios e do desgaste do jogo dos interesses que dominam o meio cultural, ao se recolher à procura de si mesmo - fora de tudo e do tempo -, foi também ele supreendido pelos sinais das coisas simples. é na simplicidade das coisas que habita a tão desejada procura: a procura da criação à obra. por isso, estou hoje de regresso à cidade das tintas, com mais uma tela branca, carente de todas as coisas simples que habitam bem junto da janela do quarto que me acolhe no grande silêncio do Alentejo!...]

12.2.07

[...esboços de gente...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF136092-02-01-16.mp3
{... na estrada que circunda a cidade das tintas, há esboços de gente assim! Nesta estrada, cansada já pelo tempo que por ela passa, e ela mesmo, já em pleno estado de angústia pela ausência dos passos cujos habitantes, estão hoje dela tão esquecidos. É pelas 19 horas que as passeatas obrigatóriamente se fazem, nesta cidade lugar. Como é urgente desfragmentar toda a aritmética das cores que desde a madrugada se cria no silêncio das tintas. Andar nesta estrada é mais do que articular os ossos, arejar a mente ou entrar na plenitude do vazio. Há tanta vida nesta estrada adormecida! Se eu pudesse, só mesmo se eu pudesse, pintaria toda a estrada que ladea o meu caminho. São tantos os sinais que em aparente estado animico, gritam por nós, como que se pudessem partilhar assim, a surda conversa entre o esboço e as formas,e com a qual se completa o tão desejado desenho. Eis o sopro secreto da inspiração que nos une... a nós e aos esboços de gente, que vai circulando nesta estrada ou caminho, até à cidade das tintas.}