28.11.06

[...além do tejo...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF207027-01-03-03.mp3
{... além do tejo, muito mais além... é para onde vou. É mais além, do sitío para onde vou, que há muitos mais segredos. Todos os segredos ficam sempre muito mais além donde estamos. No além, há sempre o muito, o bastante, o completo... a chave! É nessa intensa procura que me encontro. E sempre que me procuro... encontro esse momento: partir. Sortudos daqueles que podem partir: tejo abaixo - tejo acima. Nesse além que procuro, há momentos em que o tejo deixa de existir!... Este quê de deserto, no inverno, é coberto de pequenos charcos. Mas muito mais além, todo o amarelo da planície, ganha novos tons e novos cheiros. Para quê procurar mais do que há além do tejo? Há tantos segredos nestas gentes! Se eu pudesse, procurar mais do que encontro no deserto destas planícies, ficaria aqui para sempre. Voltar a partir, só mesmo para desconstruir tudo aquilo que se vai revelando, entre o muito, o bastante e o quase completo do segredo que procuro. Viver todos os dias no campo, é descobrir um novo relógio do tempo onde, a contagem decrescente é feita através das cores que nos circundam. E o tempo passa. O tempo, amplia o espectro das nossas vidas. Aqui, o tempo é mais verde, mais azul, mais amarelo, mais ocre... todo envolto de cheiros e sons que jamais se encontra, no ruído urbano do cinzento harmonioso do betão. Se eu pudesse, ficaria muito mais tempo do que o previsto, em terras do além do tejo!...}

22.11.06

[...fascinatore...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF219997-01-01-11.mp3
{... nunca saberei ao certo porque existem fascínios assim. Porque existem? Não sei. Mas não é exactamente isso que motiva os seduzidos pelo amor? O fascínio do outro que nos cerca e por vezes alucina. É isso o que sente quem ama. Há sempre quem se deixe dominar pelo amor. Quando existe, é uma espécie de fartura dos sentidos. Há quem diga que para haver amor há sempre sofrimento. Também não sei se na realidade deva ser sempre assim... Nos tempos de hoje e, na grande parte das vezes, parece que o encantamento se esfuma no interior do ser humano. Hoje, talvez porque hoje, já nem se sente o que se ama. Hoje, talvez porque meramente hoje, já não se morre por amor. Hoje, talvez porque hoje... já não se acredita, que seja possível amar sem se ser amado. Mas hoje, nos dias de hoje, há ainda quem se deixe encantar por apenas um único feitiço. Exactamente... porque nos dias de hoje é isso o que sente quem ama: fascinatione!}

14.11.06

Lourenço de Almada

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF206127-01-02-08.mp3
{da razão às coisas do espírito!... é o diálogo constante que nos afasta ou aproxima a determinadas manifestações sensitivas. Estar-lhes alheio é o modo mais simplista de percorrer esta caminhada. Há quem se centre apenas nas coisas que habitam o universo da razão. Talvez, porque seja esta a forma mais simples para decifrar os significados das coisas. Estar atento às coisas do espírito é como descobrir um novo mundo. Criada esta linguagem sensitiva, tudo o que nos rodeia, ganha assim outros novos contornos. Esta é uma opcção de vida à qual muitos se entregam. Lourenço de Almada é um peregrino dos Caminhos de Santiago. Editato o livro das suas viagens a Santiago, Lourenço de Almada, parte em busca de imagens que falam por si. Estar atento aos sinais das coisas, é acreditar que a vida tem muitos mais mistérios por desvendar. Afinal, a espiritualidade das coisas está ao alcançe de todos aqueles que a procuram. Saber voar no imenso céu da vida, só não é possível a quem se nega em descobrir, a sua própria espiritualidade. Saber voar... entre as coisas que povoam a razão e o espirito, é o diálogo contante que nos afasta e aproxima de todas as manifestações que povoam o nosso tão vasto Universo.}

10.11.06

[...As Pontes do EU...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF234720-01-01-02.mp3
{... inúmeras são as pontes que nos conduzem ao complexo lugar do EU. Estimuladas pela diversidade dos sentidos, todas as pontes são construídas para dar governo às complexas manobras da vida. Há também pontes mais frágeis, distantes, e até mesmo invisíveis. Mas, são as pontes imaginárias que nos levam ao lugar do EU. Pespontar estas construções é o jogo diário da nossa sobrevivência. Afinal, não somos todos nós, os grandes desenhadores dessas mesmas pontes? Desenhadores... porque nem todas elas são projectáveis. Se todas elas fossem realizáveis, como seria bem diferente o amparo dos nossos dias! Abandonadas as diversidades dos seus sentidos, todas as pontes nos conduzem a diferentes outros lugares. Porem, é na sua sábia atravessia que o misterioso futuro sempre se projecta. Deve ser exactamente por isso que todas as pontes são mudas!...}

4.11.06

[...Détailler...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF242026-01-01-05.mp3
{... isolar um detalhe, é redescobrir a origem do seu todo. Deve ser por isso que a vida está repleta de particularidades. Pensar no seu todo é pensar também em todos os seus detalhes. Sem esse indecifrável universo, a origem das coisas deixaria de ter interesse. Talvez por isso há vidas menos interessantes, apesar de nunca sabermos ao certo o que determina tal motivação. Tal como os espaços, as vidas também são reorganizáveis... basta exercitar o isolamento em todos os seus detalhes, para que se inicie a sua reorganização. E tudo parece tão simples. Apagar, isolar e projectar tudo de novo! Não seria bem mais fácil, se as vidas fossem detalhadas, tal como nas superfícies onde se esboça apenas o conclusivo? bastaria isolar o pretendido, e projectar só o desejável. E depois? depois... apagar-se-ia tudo aquilo que nos é absolutamente desnecessário. Afinal, não é esse o mistério da própria vida?...}