31.5.06

[...introspectione...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF215612-01-01-08.mp3
{...percorrer o labirinto da consciência... é aplicar a nossa atenção para dentro. Tudo flui quando penetramos no eu ou no sobre-eu... das coisas extraordinárias que povoam a mente. Estabelecido esse contacto... o imaginário deixa o espaço intra-ocular para executar ou descrever tudo o que se passa... ou, que lhe foi atribuído... através de imagens existentes na memória como a principal alavanca da intuição artística. Expor... é pressentir uma verdade. É estagnar pictoricamente numa superfície branca... determinados momentos e experiências ocorridos ou não... no tempo. O que vale é que no laboratório da introspecção... há muitos tempos alheios à nossa própria vivência! Isto é, não é preciso viver certos momentos para os representar... é aqui que o imaginário se torna, o grande aliado da criatividade. Quantos códigos de resposta a essas situações existirão na nossa mente?
É de certo um processo complexo. Se represento através da gestualidade das cores, determinadas emoções... por vezes pergunto... quantas delas estarão ausentes de todos os estímulos que nos levam à percepção das coisas?
Se não fosse o mundo imaginário... o que seria de nós?
Nesse mundo pictórico e abstrato... basta apenas saber observar todas as coisas... não é preciso vivê-las.
Se expor é pressintir uma verdade... o que seria de nós, sem o introspectivo mundo imaginário? Não sei! Só sei que exponho porque pressinto determinadas verdades...}

29.5.06

[...In+resistivel...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF219843-01-01-06.mp3
{ A insuperável vontade do vazio... é um estado perfeito de apelo à criatividade. Estar fechado em laboratório... não é mais que abraçar o vazio. É ficar ali... saboriando o confronto do Eu com todas as coisas que povoam o Universo.

Estar... ficar... abraçar... silêncio... necessidade... criar.
Apenas isso... criar uma linguagem sensitiva através da irresistível vontade do vazio. A este inevitável momento... tudo parece passar devagar... ou, nada acontece no Mundo para além do que alí tem lugar.
É estar entregue à continuidade das diversas metamorfoses do vazio... que de tão preenchidos por ele... ficamos ausentes de tudo aquilo que nos rodeia.
Se a irresistibilidade do vazio fosse entendida por todos aqueles que habitam o mundo... tantas mais coisas que perduram no tempo seriam certamente concluídas.
Essa vontade... a que não se pode resistir, é um processo de entrega do "Eu" ao "Outro"... em que o "Outro" não é mais do que o nosso próprio reflexo esbatido na densa suavidade do vazio. Criar é isso... é a entrega tranquila que nos aguarda e nos abraça, sempre com a mesma intensidade.}

27.5.06

[Ocean Drive]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF219694-01-02-07.mp3
{... será que há cores ausentes no Universo? Tudo aquilo que vejo tem cor. Tudo o que nos rodeia tem cor... até nas profundezas do Mar... há tantas cores! Donde virão aquelas cores florescentes de todos aqueles peixes? Quem os terá pintado? Uma coisa é certa, quem foi... conhecia bem todos os pigmentos que habitam o Universo. Será, que é na morte que nos confrontamos com a ausência das cores? Não. Claro que não. Jamais alguém se esqueceria, de deixar uma página em branco... no sagrado livro do ciclo da vida. Ausentes ou não de cores... há tanta coisa que povoa o Universo. Há cores mais inteligentes do que outras... é o caso do preto e do branco... pigmentos opostos que se completam através da relação... ausência/saturação. Também as cores se saturam... também as cores se ausentam. Curiosamente quem se satura é o Branco... quem diria? é o que acontece quando se mistura uniformemente, todos os pigmentos que habitam no Universo. Mergulhar nos Oceanos... é procurar cores puras... menos saturadas... talvez. Se eu pudesse mergulhar hoje, no Oceano... iria de máquina em punho, e captaria todas aquelas cores que habitam os mares... para com elas colorir, todas as paredes brancas estancadas em terra... que há muito estão ausentes de tantas outras cores... que povoam o Universo.
Quem diria que também as cores se saturam... e se ausentam!}

26.5.06

[...perceptibile...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF219992-01-01-01.mp3
{... desfocar o perceptível... é um modo de subtrair emoções em todo o sistema sensitivo. Quando temos a percepção de reter certas imagens... as quais apesar de ainda não terem tido, o seu lugar no presente, mas que já dão sinais de si... é porque estão retidas na memória das coisas... que nos aguardam possívelmente, num futuro próximo. Será que existem memórias do futuro?
Será que a nossa consciência revela e identifica certos acontecimentos... muito antes de serem eles... um factor real no tempo? Esta interrogação, faz-me lembrar uma outra questão da qual sempre me questionei... sem obter resposta. Quantos olhares se cruzam com tantos outros olhares sem que a consciência retenha deles... imagens perceptíveis do mundo exterior?
Olhamos... mas não vemos! E quando vemos... por vezes só nos resta desfocar toda e qualquer linguagem sensitiva. É talvez por isso que todos os pintores não conseguem atingir o seu retrato perfeito. Vimos o Mundo... sentimos o Mundo Exterior... mas, vivemos num Mundo onde os acontecimentos e objectos ficam retidos num labiríntico arquivo... arquivo esse, composto de recortes abstratos... ou quem sabe... de possíveis memórias inexistentes no tempo.
Afinal quantos rostos têm as memórias que habitam na percepção da nossa consciência? Pouco importa. O mais importante... é saber como desfocar tudo o que nos é perceptível... ou melhor, subtrair ao tempo... o factor facultativo do abstrato.}

21.5.06

[...Um não lugar...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF39468-01-01-02.mp3
{Estar em um não lugar, é ... desejar o que não existe, ou uma coisa que não há.
Nesse lugar, sentir-nos-emos como se estivéssemos dentro de um sonho, sonho esse que não tem lugar no tempo, ou neste tempo, ou talvez... num outro tempo. E quanto mais nos atrevemos a pensar nele, maior é o medo de o ver desaparecer. Talvez por isso mesmo... há pessoas que deixam de sonhar.
Se pudessemos tocar no espírito do tempo... interpretar e fixar sonhos, atingir a singularidade do momento, e ficarmos estácticos no tempo para o todo sempre, deixar-nos-íamos alí ficar em zeitgeist? O que restará a nós... senão sonhar? Andar à deriva de consciência alheia ao que é real? A (im)possibilidade de tornar real o que parece impraticável: sonhar e interpretar que há um não lugar... para desejar o que existe, ou uma coisa que há!...
Em zeitgeist, nesse lugar onde já estivemos... não haverá mais do que isso: sonhar e acordar ao mesmo tempo em...um outro lugar. O que será de nós se assim for?}

17.5.06

[...Sobre o Tejo...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF187733-01-02-03.mp3
{... se o Tejo fosse meu... eu mandava pintar o mar. Pintava-o de branco... para dar luz às profundezas. Sómente, se o Tejo fosse meu... o mar jamais seria igual.
Mandava construir casas sobre a água... do rio, em direcção ao mar. Deixaria as colinas de Lisboa onde estão... e porque não? também elas se abeiram doTejo, faz tanto tempo, que de tão enamoradas por ele são. Se o Tejo fosse meu... navegaria noite e dia em águas brancas que nos transportam para além do mar. Deixada Lisboa à proa, mergulharíamos em águas de pura fantasia... era o que eu faria... sómente, se o Tejo fosse meu... mandaria de novo pintar o mar!}

16.5.06

[...porque será?!...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF215322-01-02-01.mp3
{... porque será que as noites são despovoadas de pássaros? Que de tão sua, terá a noite, para adormecer todos os seres em azul profundo?!..
Tivesse eu asas... que procuraria desbravar todo aquele denso azul... acolá, nos céus. Se a humanidade teima em querer voar por esse universo fora... porque será que os pássaros não povoam outros céus?!... Tivesse eu asas!...
Se a noite gera o dia, e o dia... se abriga nas noites, onde andarão todos os pássaros que povoam os céus? Penetrar naquele azul intenso... escuro, muito escuro das noites, é como mergulhar em águas densas dos oceanos... É isso!
Se os pássaros mergulham no mar... o tecto do mundo, não é mais... que o próprio reflexo das profundidades da terra... e, quantas mais terras estarão dependuradas no céu à espera do voo dos pássaros? Tivesse eu asas... que desbravaria noite e dia todo aquele imenso azul.
Era o que eu faria... tivesse eu, asas para voar!}

12.5.06

[Senta-te a bombordo!]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF218577-01-01-12.mp3
{... os livros do mundo misterioso da espionagem... todos eles têm um ponto em comum: obrigam os leitores a fazer a si próprios certo número de perguntas.
As verdades que se obtêm são resultantes de arquivos existentes, testemunhas vivas ou através de um conjunto de códigos, cuja estrutura de comunicação é interpretada sómente por aqueles que possuem uma parte de outra parte da chave mestra que contêm a linguagem a decifrar.
As verdades são missões... e as dúvidas desbloqueiam diversas soluções em presença de inúmeras incertezas.
É um universo repleto de interrogações e explicações prováveis, onde a verdade possui muitos rostos.
O livro, "Nathalie Sergueiew: uma agente dupla em Lisboa", é a sinopse de uma biografia escrita por José António Barreiros, editado em Maio deste ano.
Ao livro que ainda não li... mas perante todos os outros nesta temática que já li, quando os compro... sempre digo o seguinte:
- Olha, senta-te a bombordo para veres todos aqueles que povoam a terra!}
http://arquivodassombras.blogspot.com

11.5.06

[...habere...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF218577-01-01-02.mp3
haver, v. tr. ter; possuir; obter; considerar; julgar; conseguir; existir; acontecer; ter decorrido; ter passado; intr. ser possível; refl. portar-se; proceder; s. m. crédito (na escrituração comercial); pl. bens; fortuna; - por bem: dignar-se; - às mãos: alcançar; possuir; - de: ser obrigado a; ver-se na necessidade de; ter fatalmente de; - mister: ter necessidade; por bem fazer, mal -: ser pago com ingratidão. (Lat. habere).

8.5.06

[...lógos+griphos...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF212333-01-01-06.mp3
{... desalinhar o destino até parece ser possível... por vezes, pôr tudo em desalinho... é questionar qual deverá ser... o caminho traçado.
Será que é o destino que desalinha por vezes, na palma das nossas mãos... ou são as nossas mãos que entrelaçam em estado de desalinho, outro destino?!...
Se as linhas são tantas... quantos serão os caminhos... que nos levam para longe de qualquer possível desalinho... do destino, é claro!...
A única coisa certa deste enigma, está no facto, de ser possível tornear todas as linhas, contornos ou esboços que nos projectam para a racionalização do impacto... perante o vazio.
Se tudo está na nossa mão... então o melhor, é começar tudo de novo... apagar!
É assim no desenho. Se na vida... assim fosse, quantas mais seriam as vidas, possiveis de se viverem?!...
Também, pouco importa... que vidas serão possíveis, se nesta mão tudo deverá ser alinhado de novo. É isso! Primeiro os esboços, depois os contornos e só no final... o destino.
Desalinhar o destino... até parece possível... por vezes... quando largado o impacto do vazio, se aviva o desejável caminho de regresso.}

4.5.06

[...Sub + Umbra...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF214963-01-01-10.mp3
{...sabes, quantas sombras apagou nesta praia, o mar?!...
E quantas praias há, com tantas mais sombras para apagar?...
Nesta praia, no topo desta sombra há uma interposição entre a água e um corpo privado de luz.
Nesta praia, tal como em tantas outras praias... há por vezes uma parte escura projectada na areia como se fosse um quadro ou um esboço produzido por um outro corpo.
Esta sombra, desenhada nesta areia, o mar não consegue apagar, por isso teimam as ondas em diluir seus contornos... mas, foi a própria pintada entre o sol e o mar. Se as sombras servem para esconder... o que o sol leva ao deitar, quantas mais sombras existem em todas as outras praias... que o mar tenta apagar?!...
Quando o espírito por defeito consegue sombrear, todas as praias que povoam o nosso olhar entristecido... o espaço, entre o corpo e a água que o sol ilumina... está definitivamente a ser projectado noutro lugar.}

3.5.06

[...A Oposição do Reflexo...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF182450-01-01-04.mp3
{... dividir em partes iguais o que poderá ser reflexível numa superfície branca... não é mais do que... a resultante do somatório da acção ou acções... involuntárias daquilo que se pretende transmitir.
É deste modo que a linguaguem e arquitectura do pensamento... reenvia sinais de oposição ao reflexo quando este incide, a complexa superfície dos sentimentos.
Aquele que pensa e medita sobre a causa das coisas... tem como reacção imediata a reflexibilidade do "Eu", conseguindo assim... isolar conscientemente todas as vicissitudes inerentes à complexibilidade do pensamento.
A oposição do reflexo só obtém a sua máxima objectividade se... ao condicionamento do "Eu", for associada uma superfície branca sem aparentes traços ou esboços predefinidos... do nosso próprio reflexo.}