29.10.06

[...Circulare in Circulu...]

http://www.dmns.org/video/blackHolesBB.wmv
{... rodear em mão as variáveis do círculo é transitar o seu próprio movimento. Tudo aquilo que existe é circulante. Só o que é desprovido de movimento é que não circula. E tudo aquilo que não circula, está condenado desde logo ao próprio movimento do Mundo. Talvez seja por isso que a sua forma é redonda. Se todos os planetas que habitam no espaço são redondos, não será o próprio Universo uma circunsferência? Uma grande e escura circunsferência, que para uns veio do senhor nada - o deus do acaso -, e para outros é obra de um só Deus: o eterno unificador. Mas seja qual for o seu Deus criador, a vida não é mais do que uma sucessão de fenómenos periódicos. Eis a cordenada constante, na qual tudo gira e, tudo se move em perfeita comunhão: o círculo. Se fosse possível mudar de trajectória, sem erros de raciocínio, gostaria de ser projectada ao ponto mais equidistante do centro deste imenso círculo, para contemplar todas as suas variáveis. Talvez seja esse, o tal ponto de reposta para tantos outros segredos. E como um segredo se sacia de outro segredo... só nos resta mesmo é circunvoar todos os "blackholes", até que todo o movimento circunferencial se esvaneça.}

25.10.06

...Nunqua[m]...

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF239855-01-01-10.mp3
{... nunca, é um lugar aconchegado! É o lugar onde a pausa temporária nos aproxima aos alçados do futuro. Nesse lugar, podemos alcançar todas as coisas que nos parecem distantes. Hoje, aconcheguei-me no sotão onde repousam todas as minhas memórias futuras. E, é nesse aconchego que todas as memórias podem ou devem ser visionadas. Como é interessante observar as diferentes texturas, do presente e do passado, para se esboçar o argumento final. Se pudesse editar as imagens do meu próprio futuro, sei bem o que faria! Projectar o futuro é como pintar um quadro. Nunca se sabe ao certo quando este fica realmente terminado. Ir ao encontro do imprevisível é dar continuidade a que um determinado sonho aconteça. Sonhar que aconteça algo nos próximos dias é aguardar o chegar das coisas... ou por outra, é nunca se deixar ficar interminavelmente em tempo algum. Se o futuro não fosse projectável, como é que o presente alcançaria todas as coisas que nos parecem distantes? Fará sentido dizer-se que nunca, é um lugar aconchegado? Não sei, mas de tempos a tempos: sabe bem!}

20.10.06

[... Carminer...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF236734-01-01-11.mp3
{...hoje, pensei esbater memórias, num atelier a dois tons. Hoje, pensei em ti. Hoje, apenas hoje, pensei no carmíneo do Mundo. Se pudesse ver o Mundo a dois tons, não sei qual a cor que escolheria para tingir tudo o que nele há de contraditório. Assim à memória? Talvez, vermelho brilhante!... Porque, há sempre dois tons, dois caminhos, duas faces ou duas escolhas para um mesmo e único fim.
Hoje, resolvi carminar todas as minhas memórias!
Tingir memórias é como reanimar o que já estava esquecido. E, não querer recordar certas memórias, é dar brilho ao opaco em toda a sua cor. Seria tão fácil, se pudessemos, lhes retirar simplesmente uma determinada cor e dar a coisa como terminada... Ou então, dar a cada cor uma nova memória. Mas, como todas as memórias têm cor, é preciso saber como extrair as suas substâncias emocionais, das novas sustâncias tinturiais. Tentar esbater o contraditório das guerras que povoam o Mundo, é como tingir toda a sua substância viva em carmesim.}

17.10.06

[...Aggasaliare...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF233255-01-01-11.mp3
{... na maior parte das vezes basta um gesto! Na maior parte das vezes, há falta de tempo para arrecadar gestos tão simples. Na grande parte das vezes, só na grande parte das vezes, não se fica ausente a um apelo tão simples. Há apelos mudos esbatidos no cinzentismo alheio. Há ainda, apelos surdos à sua possível hospedagem... Na maior parte das vezes, é mais fácil agasalhar do que ser agasalhado. Recolhido o abraço, o gesto nem sempre perde todo o seu rigor de acolhimento. Talvez por isso, há quem ande sempre resguardado dos gestos simples. Afinal, na maior parte das vezes, tanta coisa acontece num só simples gesto.}

11.10.06

[...Ante - Pecattu...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF181900-01-01-02.mp3
{... antes do o ser, o pecado também se liberta. Há pecados desiguais, mas todos eles nos levam sempre, ou quase sempre, ao mesmo sentimento de culpa. Fechar os olhos perante os pecados que há no Mundo, não é mais do que aceitarmos viver em constante sentimento de culpa. Falar de pecado, é pois, a grande viagem que realizamos ao interior de nós próprios. Dos pecados universais aos mortais, há ainda aqueles que nunca passam concretamente à acção, apesar de terem existido em pensamento. Será que só o pecado que se concretiza, é na realidade pecado? Há também pecados assim... Afinal, a mordedura do pecado atinge todos nós. Talvez por isso se diz que pecar é humano. Estruturar pictóricamente a culpabilidade do pecado é estar também vulnerável a esse sentimento. Por isso, há sempre mais do que um rosto: o Eu e o Mim. Então, representar o rosto do pecado, é repensar sempre na sua mais urgente libertação. Porque existem vários momentos assim, há cá um quadro destes desejando-se libertar em novas paredes. Se eu pudesse, era hoje que eu o vendia!}

6.10.06

[...Há Lá...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF231632-01-01-11.mp3
{... há lá! Também há lá um quadro assim. Neste convento em plena Serra d'Ossa, no interior da sala dos paços perdidos, oiço o vento quando o observo.
Se o vento tivesse cor, aqui nesta serra, o vento poderia ser ainda mais azul, tal como o vejo neste quadro. Afinal, o vento também vai de partida, ao se cansar na chegada. Nunca entendi quem sopra o vento... para onde vai e donde vem. Se pudesse ir com ele, daria hoje a volta ao Mundo. Dizem que lá de cima, se vê uma enorme mancha azul.... Há lá em cima tanta coisa que deve ser bem difícil, registar numa só vez todo o seu movimento. Nunca saberei ao certo, o que há lá exactamente... Repensar o movimento do vento, é como articular o destino, em múltiplas partidas e chegadas que convergem sempre para um mesmo lugar. Se calhar, é isso que oiço quando o observo. Que cor terá exactamente o vento? Não sei. Mas, em salas de cores perdidas há lá sempre paços reencontrados.}