30.4.08

[ A Sonolência das Cores ]

{... todo o sono é pintado de invisíveis cores. é no vazio de nós próprios, que a entrega às memórias dos encantos acontece. inevitável mágica que disperta recantos e nos traz recados achados e por vezes perdidos no tempo. quem não sobe os degraus do sono? quem não mergulha no seu ondular esquecimento? tela crua. tela ausente de cor. incerteza tocada e nem sempre registada em todo o seu esplendor. são sombras e não é gente, que certamente povoa esse indecifrável mundo. todo o sono é pintado de invisíveis cores. nele, há soldados de esperança e generais da vingança. perdas e vitórias. conselhos, desejos e incríveis estórias. não há inutilidade nessa espera, nem tão pouco pressa em dispertar. se essa magia nos fosse retirada, o que seria de tudo aquilo que nem sempre acontece? tela crua. cor esquecida por pintar. quem não mergulha no seu esquecimento? só quem já não tem tempo para sonhar.}

20.4.08

[ O paralelismo do Eu ]

{... se Deus entendesse efectivamente de geometria, certamente que abolearia todas as paralelas que não interceptam a felicidade. tudo isto devia ser mais simples. oh se Eu fosse Deus!... interceptava todas as linhas possíveis de riscar no grande papel que embrulha todo este céu. tudo isto devia ser mais simples. que complexo Deus é o nosso que dá e tira, escreve e apaga as linhas do nosso destino? a vida, devia ser meramente uma ciência exacta. sem variantes na alegórica matemática que a compõe. que sábio projectista és tu, que estás para além de tudo aquilo que os nossos olhos podem ver? não há maior prémio nobel no Mundo que o seu! a geometria da vida é na realidade um complexo estirador desenhado por misteriosas vontades alheias. se eu pudesse sentar-me a seu lado, pegaria no seu grande compasso e traçava a minha própria circunferência. o início e o fim. se eu pudesse entrar no seu atelier, pegava nos seus lápis e riscava apenas os caminhos que já conheço. se Deus entendesse efectivamente de geometria, certamente que abolearia todas as paralelas que não interceptam a felicidade. se eu pudesse pedir-lhe emprestado um lápis que fosse, riscaria com ele linhas imaginárias - projecto único que nos leva consigo até à ponte do Eu. sómente se o céu não existisse, é que todas as pontes deixariam de fazer sentido! talvez por isso mesmo, ainda ninguém descobriu ao certo onde começa e termina toda esta complexa geometria: chamada universo!...}

15.4.08

[ a intemporalidade do esquiço ]

{... se soubessem o que povoa uma tela antes da cor e da forma. se soubessem como as palavras se vestem no esquiço das memórias. apenas se soubessem o que nos motiva até à criação da obra. o esquiço. a vida não é mais do que um esquiço riscado, sublinhado e apagado pelo tempo. sempre o tempo. a eterna alteração das formas. a constante procura da estrada exacta que nos leva ao universo da criação. novamente o esquiço. o conteúdo dum texto que se escreve vezes sem conta. a descrição do objecto. a diversidade dos pigmentos. os tons... são mais verdadeiros do que as palavras porque têm sempre a mesma memória. as cores são mais puras. não mudam de sentimentos. se soubessem o que povoa uma tela antes da cor e da forma. se soubessem como as palavras se vestem no esquiço das memórias. apenas se soubessem o que nos motiva até á criação da obra. o esquiço. esboço riscado de traços certos e cores puras. riscos... tudo se risca. as emoções podem mudar de sentimentos, mas as cores não. se soubessem quantas palavras há no dialéctico da cor... entenderiam que Deus é o maior pintor do Mundo e, que a vida não passa dum esquiço riscado, sublinhado... condenado a ser apagado pelo tempo.}

7.4.08

[ As Teclas do Sentir ]

{... as teclas do sentir fazem-nos esquecer o antigo cheiro dos lápis. há quem já não escreva a lápis nem tão pouco a caneta. são os novos tempos da escrita. o que será de nós sem papel um dia? sem o esboço ou o esquiço da ideia final? sem as letras sublinhadas, riscadas e subtraídas ao seu contexto final? nem já os poetas, andam de folhas debaixo do braço como fazia Pessoa. sabes, é que Pessoa podia mudar de casa constantemente, mas nunca abandonava o papel em que escrevinhava o Sentir. qualquer simples folha lhe servia. como é diferente desenhar as letras que nos compõem. dar-lhes expressão. senti-las a nascer. apagá-las!... só as teclas do sentir são orfãs do desenho, dos odores, do carvão e das tintas. é outra escrita: o teclado! a nova melodia do sentir. sem esboço, sem odores... apenas um único som. sempre igual. sentir. sentir as palavras que não se calam. as palavras que só se escrevem no portátil mundo imaginário dum novo livro.}

3.4.08

Restaurante 9.come e Mite Paradanta

{9.come é um restaurante "minimalista QB"... pintado a rosa e negro. quando lá cheguei... tive a sensação de estar num bairro de paris. na rua, o som dum saxofone fazia parar o transito. recordei a música cantada na voz de catherine deneuve :"jazz is paris et paris is jazz"! mas... não. de paris só mesmo uma praceta que fica ali perto. foi assim que a av. joão XXI inaugurou o novo restaurante riscado pela arquitecta Mite Paradanta. no 9.come entre amigos e muito mais... Ruben e Rosa Bensimon, abrem assim as portas ao verão de 2008 com uma magnífica esplanada repleta de sabores gostativos. e a razão de tudo isto?... diferenciar lugares de ócio nos bairros de lisboa.
9.come é um espaço aberto às novas tendências da arquitectura de interiores todo ele... temperado de lusitanos sabores.}

1.4.08

Tibete Red Sky

{... porque desenhei ventos de esperança e castelos de areia no céu desta praia... se há povos sem liberdade? porque... desenhar é pensar. porque há praias desertas de liberdade e homens no Mundo de má vontade? só não apagam as ondas ao mar, e a esperança de sonhar nesta praia... porque... pensar é voar. hoje... desenhei castelos de neve no céu vermelho do tibete porque há Paz proibida naquele lugar.}