6.4.09

[... "Glória Tibi Domine": A Arca do Pensamento... ]

{... cheguei ao alto da montanha entre as serras que guardam segredos suspensos no tempo. desenhei riscos a lápis em pequenos pedaços de papel. entre telas adormecidas: voei. em todo este céu que se ergue das pedras entre serras, há uma porta aberta para o universo. é o que dizem nesta aldeia de casas feitas de pedra. de tanto me questionar, evaporam-se as tintas na oração dos dias e as telas de branco se pintam. conhecer o vazio é sonhar entre as mil pedras desta montanha. todos os quadros são inúteis perante a estátua e silêncio deste povoado invisível. a biblioteca desta casa cativa o regresso às palavras, às cores, às mensagens e aos sentimentos que cada livro contém. conjugar letras. ler livros. marcados. sublinhados. datados entre os anos de 1900,1920, 1935... parece que estiveram todos eles e este tempo todo, há nossa espera. talvez. talvez, porque nesta casa esquecida no tempo também a eles os quiseram a sós fazer ficar. dormimos. entregues ao sono, projectamos memórias lidas em cada livro. procuramos a pedra da arca. verdades. pensamento. fé. viagem. regresso. passado, futuro e presente num único ponto só: a existência. o começo. o fim. o culto. a espiritualidade. a obra! tudo isto ou nada. a partida. o sono. sempre antes que a noite tombe para que o sol aponte rápidamente um novo dia. nos montes hermínios da lusitânia procuramos a pedra da arca que nos fez voar. aqui. sombreando todos os medos que nos levam até à porta que se abre aos céus: há aqui voos desiguais. sonos esquecidos. agitados. imagens que vão e voltam... questionando símbolos. dúvidas. silêncios. leituras. vida! devoção ao grande mistério que nos fez certamente aqui chegar e reler a vida de "Berlioux". meditar. repensar. refazer o nosso objecto de vida: viver ou pintar!... }

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