20.4.08

[ O paralelismo do Eu ]

{... se Deus entendesse efectivamente de geometria, certamente que abolearia todas as paralelas que não interceptam a felicidade. tudo isto devia ser mais simples. oh se Eu fosse Deus!... interceptava todas as linhas possíveis de riscar no grande papel que embrulha todo este céu. tudo isto devia ser mais simples. que complexo Deus é o nosso que dá e tira, escreve e apaga as linhas do nosso destino? a vida, devia ser meramente uma ciência exacta. sem variantes na alegórica matemática que a compõe. que sábio projectista és tu, que estás para além de tudo aquilo que os nossos olhos podem ver? não há maior prémio nobel no Mundo que o seu! a geometria da vida é na realidade um complexo estirador desenhado por misteriosas vontades alheias. se eu pudesse sentar-me a seu lado, pegaria no seu grande compasso e traçava a minha própria circunferência. o início e o fim. se eu pudesse entrar no seu atelier, pegava nos seus lápis e riscava apenas os caminhos que já conheço. se Deus entendesse efectivamente de geometria, certamente que abolearia todas as paralelas que não interceptam a felicidade. se eu pudesse pedir-lhe emprestado um lápis que fosse, riscaria com ele linhas imaginárias - projecto único que nos leva consigo até à ponte do Eu. sómente se o céu não existisse, é que todas as pontes deixariam de fazer sentido! talvez por isso mesmo, ainda ninguém descobriu ao certo onde começa e termina toda esta complexa geometria: chamada universo!...}

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