1.4.09

[...Vermelho Cereja: Sombreado...}

{... trago imagens da montanha entre serras no coração. inverno branco. pintado de luz que cega e nos leva a caminhos de aflição. todas as cores se escondem no branco da neve. inventam-se arquitecturas no vazio e das memórias saem formas conhecidas. criam-se cidades. moldadas no gelo para não se andar de mãos dadas com a solidão. nas cores desta montanha há casas de pedra abandonadas que ressaltam do branco frio que já se esfumou. é a primavera que desce à aldeia deste povoado. sombrio. envelhecido. adormecido. para além dos pássaros que rasgam os céus quebrando a monotonia dos dias - tudo é pedra! ocre e mais ocre em ponto de fuga até ao horizonte. por vezes, fica mais escurecido aqui ou acolá. alternadamente. sem regras. sombreado pelas nuvens que percorrem e desenham em todo o seu dorso: figuras dançantes. sobreposições de imagens. são as pinceladas da vida que em gestos teimosos trazidos pelo vento... geram cor, flor e fruto nos acentuados declives das pedras da montanha. agora, só agora: tudo é quase vermelho cereja. }


1 comentário:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Musqueteira

Este é um quadro descrito pelo pintor-poeta.
O vermelho cereja é a hora e o lugar da emoção.
E neste campo denso a recordação
é como ver de longe o brilho duma estrela.

Abraço