6.5.09

[Sonho Branco & A Visita de Cristatus Albus]

{... faz tempo que através das cores musicamos o vazio. não o que existe na terra, nem no universo. tudo é abstrato. as cores, a vida, o mundo, o espaço, a mente. por isso musicamos o invisível... e tudo o que haverá para além da nossa existencialidade. somos surpresa constante. somos olhar atento a todos os sinais que o universo nos coloca à frente. somos tanto mais que isto tudo que nem sempre sabemos ver. por vezes... dispersos de tudo, estamos condenados ao adormecimento das coisas simples que existem para além do nosso sentir. olhar. ver. escutar. ser. saber parar o tempo e voltar a olhar tudo o que é visível. contemplar o vazio. sempre. novamente parar o tempo e ficar à espera que o milagre aconteça. dispertos. atentos. decifrando as coisas simples que habitam o universo, o espaço... a mente. há tanta existencialidade para além do nosso olhar, que muito antes que o quadro aconteça... somos corpo, luz e cor. silêncio povoado de infindáveis misterios. entre todas as coisas lógicas com que o universo se fez: somos ainda invisíveis na sua complexa composição. faz tempo que aguardamos ver o que existirá para além do que observamos. faz tempo que musicamos o vazio através das cores. hoje, um pavão branco vindo do nada pousou na cidade das tintas. cantou e chamou por mim. ficou por instantes parado à frente das portas do atelier até que eu o visse. abri as portas. aproximei-me dele. olhei-o de perto. o telefone tocou e... desapareceu. se eu pudesse voar com ele... só se eu pudesse voar com ele... teria muito antes de tudo isto: pintado asas no seu olhar. }

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