15.10.08

[ ... Adivinhação do Sono... ]

{... recaídos na horizontal, os corpos sonegam novas experiências. o que seria do pensamento sem a misteriosa extensão da vida: o sono. matizadas as cores, fecha-se os olhos e a viagem dá-se à adivinhação. desabrigados do que somos: viaja-se no futuro, passado, presente. movimentos estaticos traduzem invisíveis voos. recortam-se desejos. assaltam-se memórias esquecidas. trazem-se recados. avistam-se estranhos momentos que ganham reflexo no espelho do que somos. será que ficamos parados no tempo, sempre que entramos na misteriosa extensão da vida? sem resposta. apenas conhecemos o corpo e a alma. ambos, entregues à distorção do tempo e do pensamento. prefazendo todas as fases do sono. sem ideias. sempre estaticos. até que se queira acordar e o corpo responda. passagem que nos faz abandonar a longa divagação do eu. entre a alma e o corpo. deitado sobre si mesmo. sem pensamento, imagens, sons, sensações... divorciados da imaginação. que outra extenção da vida teríamos de inventar, para substituir o universo dos sonhos? nada. a realidade, tornar-se-ia um enorme vazio. acordar primeiro que o corpo, é desvultar a neblina do que somos. é acreditar na continuidade da única coisa que nos leva à imaginação: a alma. sem ela, jamais sentiríamos o desapego do corpo; a sensação de retorno; o regresso dos sonhos. dizimadas todas as saudades, talvez não quisessemos voltar. talvez... porque não podemos ficar recaídos: na horizontal para sempre. }

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