13.10.08

[... Tempo a tempo... ]

{... desenrugado o grande pano das memórias, surgem imagens esfaceladas de um outro tempo qualquer. tudo é abstrato. as composições cromáticas degastam-se e as palavras esbatem-se. no vasto pano do tempo, tudo é supostamente riscado vagarosamente. tudo é... traço a traço. tempo a tempo. uma cor de cada vez. abstraídos dos gestos e da consonância das linhas: tudo é abstracto. molda-se a luz. aviva-se o contraste e retira-se o excesso. risca-se novamente. os traços sobrepõem-se e preenchem o vazio. tudo é supostamente riscado devagar. tempo a tempo. diluídas as antigas cores, os pigmentos apontam a memória de outros dias. traço a traço. tingem-se linhas e as formas ganham novas volumetrias. as tonalidades do tecido que nos compõe, nunca se desajustam. segregadas as cores, a conscistência dos sonhos amplia o espectro da vida. é nessa eterna descoberta que a imaginação é estimulada. tudo é abstrato. molda-se a luz e novos universos dão lugar a outros tempos. traço a traço. vagarosamente. preenchendo o vazio de vivacidade. porque... tudo é abstrato! o que seria do mundo, se todo ele fosse uniforme?... certamente que adormeceríamos para sempre. ausentes de cor. sem memórias. reencostados nas sombras da sonolência. }

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